Rede ObservaRH - Observatório RH da UFRN

[...] O GT tem revelado uma capacidade de produção e reflexão de fundamental importância na construção de matérias relacionadas ao campo da saúde coletiva, seja no apoio ao processo de formulação, implementação ou avaliação de políticas. Isabela Cardoso

Entrevista

Isabela Cardoso M. Pinto | Diretora do ISC/UFBA e Coordenadora do GT Trabalho e Educação da Abrasco

Professora Adjunta do Instituto de Saúde Coletiva, Isabela Cardoso ocupa o cargo de diretora do Instituto de Saúde Coletiva. Foi chefe de departamento, membro do colegiado de pós graduação, vice diretora e atualmente é diretora do Instituto de Saúde Coletiva. Foi também Superintendente em Recursos Humanos na Secretaria de Saúde do Estado da Bahia no período 2007-2009. Transitando entre a academia e o serviço, Isabela, ao retornar para Instituto de Saúde Coletiva em 2009, construiu uma perspectiva de trabalho frente aos desafios da gestão na saúde, tomando o Trabalho e Educação como área de estudo e linha de pesquisa. Nesta entrevista, concedida a professora Janete de Lima Castro, coordenadora do Observatório de Recursos Humanos em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Observatório RH-UFRN), na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em março de 2015, Isabela Cardoso fala da sua gestão a frente do GT Trabalho e Educação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO).

Observatório RH: Como surgiu o GT Trabalho e Educação na ABRASCO? Isabela Cardoso: A ABRASCO, ao longo de sua trajetória, foi organizando comissões, e um conjunto de grupos de trabalho - GT por áreas temáticas. Considerando a importância dos recursos humanos para saúde, foi criado em 1994, durante o Congresso de Recife, o GT de Recursos Humanos e Profissões que, em 2007, passa a se chamar Trabalho e Educação na Saúde.

Observatório RH: Qual é o papel do GT Trabalho e Educação na ABRASCO? Isabela Cardoso: Acho que o GT de Trabalho e Educação cumpre papel fundamental na ABRASCO. É um GT potente e dinâmico, pela participação dos seus membros em processo de natureza cientifica, técnica e política no âmbito da Saúde Coletiva brasileira, que tem aglutinado esforços pessoais e institucionais em torno de projetos essenciais para a reforma sanitária brasileira, contribuindo assim para a construção de um campo interdisciplinar que articula trabalho e educação na saúde. O GT congrega pesquisadores de grupos de pesquisa nas instituições de ensino superior e em outras instituições governamentais como o Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais de saúde. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ, órgão de fomento à pesquisa, também é um parceiro fundamental, como também os organismos internacionais, a exemplo Organização Pan-americana de Saúde – OPAS. Dessa forma, se articula uma grande rede de pesquisadores e instituições responsáveis pela formação, gestão e regulação do trabalho no setor de Saúde.

Observatório RH: Quais as características do GT Trabalho e Educação na ABRASCO? Isabela Cardoso: O nosso GT ancora-se em três premissas importantes: renovação, inclusão e capilarização. Entendemos que esse GT deve se constituir como um grupo investigativo, questionador e propositivo de ações para os campos do Trabalho e Educação, oferecendo subsídios e informações ao processo de reforma sanitária e ao sistema de saúde brasileiro, ampliando e fortalecendo os grupos e a produção científica na área de sua competência e dedicando-se a sua difusão. Procuramos inserir novos pesquisadores, incorporamos representantes da graduação em Saúde Coletiva, quando o GT desencadeou o processo de acompanhamento e monitoramento dos cursos de graduação.

Observatório RH: Você é coordenadora do GT Trabalho e Educação da ABRASCO há quatro anos. Considerando este período quais foram as principais realizações, atividades ou feitos do GT? Isabela Cardoso: O GT tem revelado uma capacidade de produção e reflexão de fundamental importância na construção de matérias relacionadas ao campo da saúde coletiva, seja no apoio ao processo de formulação, implementação ou avaliação de políticas. Em 2009, elaboramos o primeiro plano diretor, com a participação de um número expressivo de participantes em uma oficina de trabalho com o objetivo de recuperar e refletir sobre o que estávamos fazendo e sobre as conquistas e desafios que haveríamos de enfrentar. Nessa oficina, definimos os rumos e perspectivas para o triênio 2009-2012. Em 2013, revisitamos o nosso plano, analisamos o que havíamos realizado e que desafios estavam postos. Reafirmamos compromissos e definimos as perspectivas para 2013-2015. Agora vamos nos reunir durante o Abrascão para analisar a conjuntura atual, discutir os caminhos e cenários futuros. Vale a pena destacar, no âmbito das iniciativas do GT, o mapeamento da produção cientifica na área do trabalho e da educação na saúde nas década de 1980 e no período de 1990 a 2010. O levantamento dessa produção nos mostrou as lacunas existentes. Veja, nós temos uma produção de quase 70% dos artigos na área de educação e uma produção aquém do desejado nas áreas de gestão do trabalho. Foi importante também analisar o perfil das revistas que publicavam nossos artigos. Em 2013, publicamos o número especial de Saúde Coletiva com tema trabalho e educação. Outra construção importante do GT foi o catálogo da produção científica, onde resgatamos os artigos e a produção dos Observatórios de Recursos Humanos. O catálogo foi publicado no formato de e-book. A ideia é alimentar este catálogo para que seja uma fonte viva com informações dos Observatórios.

Observatório RH: Como funciona o GT, como ele se articula com as instituições de ensino? Isabela Cardoso: Compõe o nosso GT um corpo de pesquisadores que produzem conhecimentos e avanços conceituais importantes para a área, estimulam a renovação da discussão nos programas, linhas e projetos de pesquisa, ligados ao ensino. Foi importante também a nossa contribuição na criação e implantação dos cursos de graduação em Saúde Coletiva. Quando esses cursos estavam sendo criados em 2009, o GT realizou uma oficina convidando todos os coordenadores de curso com a participação dos estudantes, em seguida foi criado o fórum de graduação. Preocupados com o monitoramento dos cursos de Saúde Coletiva, elaboramos um projeto de pesquisa que foi financiado pelo Ministério da Saúde e pela OPAS. Monitoramos com a nossa pesquisa todos os cursos de graduação em Saúde Coletiva que estavam sendo implantados. Como desdobramento desse estudo foram realizadas três oficinas, a primeira, “Graduação em Saúde Coletiva e Saúde Coletiva na graduação”, em 2010, no Rio de Janeiro. A segunda oficina aconteceu na Bahia. Nessa oficina, já preocupados com os egressos, propomos uma mesa com a participação de representantes do CONASEMS, do Conselho Nacional de Saúde e do secretário de saúde do estado da Bahia que, na época, já apresentava uma minuta de projeto de lei para inserir o Bacharel em saúde coletiva na carreira da saúde. Foi uma oficina nacional, em seguida começamos a discutir que esforços precisaríamos desenvolver naquele momento para inserir no mercado de trabalho os alunos que no ano seguinte seriam egressos. A terceira oficina nasceu de dificuldades referidas pelos coordenadores dos cursos. A dificuldade consistia em selecionar professores com perfil adequado ao novo curso que surgia. Entendemos, no GT, que a formação docente seria um novo objeto de estudo o GT se debruçar.

Observatório RH: Quais são as perspectivas do GT para os próximos dois anos? Isabela Cardoso: Estamos finalizando o período estipulado no nosso segundo Plano Diretor agora em 2015. Em julho, durante o Congresso da Abrasco, realizaremos uma oficina com o objetivo de discutir a agenda do nosso GT e proposições para os próximos três anos.

Observatório RH: Haverá encontro do GT no próximo congresso da ABRASCO? Qual será a pauta do encontro? Isabela Cardoso: Propusemos a realização de uma oficina do nosso GT para avaliar a conjuntura política, os desafios e as perspectivas para a área. Participamos ativamente da organização do Congresso da ABRASCO e propusemos mesas redondas e painéis importantes para ampliar o debate em torno de questões emergentes. Tivemos muitos trabalhos na nossa área submetidos e a participação dos membros do GT como avaliadores de trabalhos foi intensa.